O ciclo eleitoral pode interferir na performance financeira e operacional das empresas públicas, derivado da possibilidade do partido político no poder exercer pressão sobre os gestores destas para o seu financiamento, incluindo a campanha eleitoral.
Segundo os estudos de Harymawan et al. (2020), as empresas do Estado tendem a registar uma degradação no desempenho financeiro em períodos pré-eleitorais e revela que a composição do corpo directivo destas empresas é mais política do que profissional, sendo verificado o caso também em Moçambique.
Em Moçambique, o artigo 19 da Lei nº 7/91, estabelece que “está vedado aos órgãos do Estado, às pessoas de direito público e às pessoas colectivas de direito privado e utilidade pública financiar ou subsidiar os partidos políticos, com excepção das verbas inscritas no orçamento Geral do Estado para esse efeito.” No entanto, factos como doações originárias de pressões dos partidos no poder ou motivadas por um sentimento de dever público por parte da empresa que podem implicar expectativas de assistência no futuro e pode gerar conflito de interesses, parcialidade em funções públicas e corrupção são difíceis de ser detectados e apesar de influenciarem nos resultados, podem estar mesclados com o fraco desempenho operacional e financeiro da empresa, e se agrava devido o fraco nível de auditoria das contas das empresas públicas incluindo a sua publicação.
Portanto, apesar de a lei vedar o financiamento, o controlo do Governo pelo partido no poder é susceptível de gerar pressões para que as empresas públicas possam financiar ou disponibilizar parte do seu património para financiar a campanha deste e desta forma influenciar os resultados eleitorais. Este tipo de risco, apesar de teoricamente mostrar-se de alta probabilidade, é de difícil monitoria devido ao difícil acesso às informações financeiras das empresas públicas, viciação de informação contabilística, entre outros factores.
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